segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Perco, lentamente, o amor à realidade presente. Vivo um passado doloroso que não é, demorando um futuro antecipado que me escapa.
Sou uma projecção do eu e uma antecipação de mim.
Choro os felizes momentos que outros julgam que vivo, sentido já a saudosa dor de os ter perdido.
Se julgam que sou feliz, enganam-se. Esta brisa leve que passeia lá fora é já o pesaroso tempo a roubar momentos à vida. E eu sei isto! E o saber-me passando é a tortura mais dolorosamente lenta a que estou sujeita.

Que tédio de não saber ser!

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